A rejeição da Inteligência Artificial

Por Que Algumas Pessoas Ainda Recusam o Uso da Inteligência Artificial?

A rejeição da Inteligência Artificial,

Embora a inteligência artificial (IA) esteja se tornando cada vez mais presente no nosso cotidiano, nem todos estão dispostos a adotá-la. Apesar dos benefícios inegáveis, como a automação de tarefas e o aumento da produtividade, muitas pessoas se mostram resistentes, principalmente por questões éticas, ambientais e humanas. Este artigo explora os principais motivos que levam algumas pessoas a rejeitarem o uso da IA — mesmo em um mundo cada vez mais conectado.

A visão de Sabine Zetteler: autenticidade em primeiro lugar

Para Sabine Zetteler, fundadora de uma agência de comunicação em Londres, utilizar inteligência artificial para produzir conteúdo simplesmente não faz sentido. Segundo ela, a ideia de consumir algo que não foi criado por uma pessoa de verdade é desmotivadora. Como ela mesma afirma:

Por que eu me daria ao trabalho de ler algo que alguém não se deu ao trabalho de escrever?”

Além disso, Zetteler destaca que, embora possa parecer eficiente usar IA para redigir textos, criar músicas ou até mesmo substituir funcionários, isso elimina o fator humano — que, para ela, é essencial em qualquer atividade criativa. Portanto, em vez de priorizar apenas os lucros ou a produtividade, ela escolhe valorizar o toque humano em sua empresa.

Impacto ambiental: um argumento cada vez mais relevante

Outro motivo que gera resistência ao uso da inteligência artificial está relacionado ao seu alto custo ambiental. Embora isso nem sempre seja abordado nas discussões sobre tecnologia, é importante destacar que o treinamento e a operação de sistemas de IA exigem uma quantidade significativa de energia.

De acordo com estimativas do banco Goldman Sachs, uma simples pesquisa no ChatGPT consome cerca de 10 vezes mais eletricidade do que uma busca comum no Google. Para pessoas como Florence Achery, que é dona de um estúdio de yoga em Londres, esse dado é alarmante. Inicialmente, ela via a IA como algo “sem alma”. No entanto, ao descobrir o impacto ambiental associado ao seu funcionamento, seu desconforto aumentou ainda mais.

Dessa forma, ela passou a evitar o uso de IA não apenas por razões filosóficas, mas também por consciência ecológica. Afinal, seu negócio é baseado em conexão humana e equilíbrio — princípios que, segundo ela, não combinam com o consumo excessivo de energia dos sistemas digitais.

Preocupação com a perda de habilidades humanas

Outro aspecto que leva algumas pessoas a resistirem ao uso da inteligência artificial está relacionado ao desenvolvimento pessoal e à preservação das capacidades humanas. Para Sierra Hansen, que trabalha com relações institucionais em Seattle, o uso frequente de IA pode nos tornar dependentes da tecnologia, prejudicando habilidades como o pensamento crítico e a resolução de problemas.

Segundo ela, confiar em uma IA para gerenciar tarefas simples é abrir mão do nosso papel enquanto seres pensantes. Afinal, como ela destaca, é o cérebro humano que organiza a rotina e resolve os desafios da vida, não uma máquina. Além disso, Sierra acredita que a criatividade também sofre quando deixamos a IA produzir conteúdo em nosso lugar.

A pressão do mercado e a adaptação forçada

No entanto, mesmo aqueles que têm objeções pessoais à IA muitas vezes se veem forçados a utilizá-la. Esse é o caso de Jackie Adams (nome fictício), uma profissional de marketing digital que, no início, evitava utilizar essas ferramentas por preocupações ambientais e pela sensação de que isso tornava o trabalho “preguiçoso”.

Contudo, à medida que suas colegas passaram a adotar a IA para escrever textos e criar ideias, Jackie percebeu que, se continuasse resistindo, poderia ficar em desvantagem profissional. Especialmente quando foi orientada a reduzir custos, ela viu-se obrigada a usar IA para manter sua posição.

Mais adiante, ao ver que muitas vagas de emprego passaram a exigir familiaridade com inteligência artificial, ela compreendeu que a tecnologia não era apenas uma tendência, mas uma exigência do mercado atual. Desde então, ela passou a usar a IA de forma estratégica — não para substituir totalmente seu trabalho, mas para otimizá-lo.

O que dizem os especialistas: resistir ainda é possível?

Para James Brusseau, professor de filosofia e especialista em ética da IA na Pace University (Nova York), a possibilidade de resistir à inteligência artificial é muito limitada. Segundo ele, em setores onde o julgamento humano é essencial — como a justiça e a medicina — a presença de pessoas ainda será insubstituível. No entanto, em outras áreas, como previsão do tempo ou anestesiologia, é bastante provável que a IA assuma o controle em breve.

Portanto, conforme a IA se torna cada vez mais integrada aos nossos processos sociais e profissionais, torna-se necessário refletir sobre como e onde ela pode ou deve ser usada — e não apenas se devemos usá-la.

Conclusão: equilíbrio entre progresso e responsabilidade

Em resumo, a resistência à inteligência artificial não é um simples ato de rebeldia tecnológica. Pelo contrário, ela revela preocupações legítimas com o futuro do trabalho, da criatividade, do meio ambiente e da própria humanidade. Por isso, mesmo que a IA continue a se expandir, é fundamental que seu uso seja feito de forma consciente, ética e equilibrada.

Adotar a IA não precisa significar abandonar os valores humanos. Ao contrário, o ideal seria que a tecnologia servisse para potencializar o que de melhor em nós — e não para substituir aquilo que nos torna únicos.

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